sexta-feira, 24 de julho de 2009

Herança Maldita

"Aqui não tem otário. Esse desmanche vai f** o centenário".

Esse era o canto corinthiano de protesto contra a diretoria, na última quinta-feira no Pacaembu. A maioria dos torcedores se coloca contra as negociações dos principais jogadores do time, mas devemos analisar a forma como são geridas as perdas e quais os realmente culpados pela situação financeira do clube, atolado em dívidas antigas e sem a autonomia de dizer não às propostas.

Primeiro, qual é o balanço do Corinthians até o momento?
  • Os únicos titulares vendidos de fato são Cristian e André Santos;
  • Douglas já fala como jogador de um time árabe, cujo nome nem ele mesmo sabe [Al-Wasl];
  • Felipe está a espera de propostas concretas para decidir seu futuro;
  • Elias e Dentinho garantem que ficam para a Libertadores;
  • Ronaldo deve renovar até o segundo semestre de 2010;
  • Edu já chegou do Valencia;
  • Segundo Mano Menezes, Sylvinho ainda está longe de acertar;
  • Atualização: Segundo Wagner Patti, da ESPN, ele pode ser anunciado ainda nessa semana;
  • Riquelme deixou a negociação em aberto.
Planejamento

Possivelmente, o Corinthians deve perder cerca de quatro titulares na janela de transferências. É ruim para o time? Sim, perde-se em qualidade técnica. É ruim para o grupo? Sim, perde-se em entrosamento e união. Mas o que devemos observar é que essas baixas no elenco não foram surpresas para ninguém, muito menos para os dirigentes.

É o que diz Andrés Sanchez. O torcedor também cantava na quinta-feira: "Cadê o planejamento, ô, ô, ô". O presidente alvinegro afirmou que a janela de transferências está no planejamento do clube. Ele está aí, caro conrinthiano.

Já eram esperadas as vendas dos principais jogadores, algo mais que natural para um time vencedor como foi o Corinthians em 2009. Mais ainda, se já eram esperadas perdas, já eram planejadas as reposições no elenco. Tanto que os bons Jucilei e Edu foram contratados antes mesmo de Cristian ir embora e outras contratações já são pensadas antes mesmo das vendas. Por isso, o torcedor antes de protestar deve perceber o que realmente ocorre no Parque São Jorge.


Herança de dívidas

O Corinthians veio até 2007, ano coincidente ao rebaixamento, de uma direção tenebrosa, de parcerias obscuras, de uma ditadura de Alberto Dualib. Sanchez assumiu e, apesar de ser cria do ditador, reformulou o aparelho administrativo e as posturas do clube. Mas não começaria do zero, o novo presidente viria com uma carga deixada por seus competentes antecedentes: a dívida de quase 100 milhões de reais.

E, mesmo com esse peso negativo, deveria montar um time competitivo para subir e honrar a história alvinegra. Para isso, teve de recorrer a uma série de parcerias para contratar jogadores. Os passes eram picotados. Empresários apostavam na valorização de atletas no Corinthians e dividiam seus custos com o clube. Assim foi campeão da Série B. Da mesma forma, foi montado o campeão do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil.

Agora, no auge do sucesso, colhem-se os frutos da estratégia utilizada. Empresários e clubes participantes dos passes dos jogadores insistem em suas vendas para aproveitar a valorização no mercado. Puro negócio, prejuízo aos interesses do jogador e sua equipe. Mas foi algo pensado, sabia-se que a contratação de atletas em parceria traria essas consequências.

É isso que importa. Houve planejamento. Nada foi feito às escuras e por incompetência. As vendas, além de resultado de uma bem-sucedida gestão de futebol, são feitas para tapar um rombo antigo nos cofres. É finalmente parar de deixar para o próximo presidente resolver. Como reformulação é sua meta, Andrés Sanchez está certo ao planejar o clube para as perdas que garantem a saúde financeira do futuro.


Contribuição de Vinícius Cruz Ferro, grande irmão e advogado.

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